Será que é por sermos uma das profissões mais antigas e com a missão de formar cidadãos/ãs, onde as famílias entregam suas filhas e filhos em nossas mãos e confiam no desempenho do nosso trabalho, para que despertemos nelas/es o gosto pelo aprender? Isto nos faz um sujeito social importante?
Será que somos uma composição de paredes frias, diante de um quadro de giz e estudantes alheios ao nosso cotidiano? Ou dedicamos nosso tempo de vida, com sensibilidade e consciência, aprendendo e ensinando a lidar com as diferenças, na igualdade de direitos, contribuindo com as/os estudantes na reflexão de nos tornarmos, mutuamente, seres emancipadores do saber aprender?
Ou assumindo o protagonismo de professoras/es, como parceiras/os de visão e experiência na construção do conhecimento, assumindo o nosso papel de promotoras/es, orientadoras/es, mediadoras/es, motivadoras/es e gestoras/es da aprendizagem.
Será que nos apresentamos à humanidade, ao Estado, Governos e sociedade, lembrando-os que o Brasil e o mundo necessitam de educadoras/es com visão aberta, livre, sobretudo, emancipadora, que possibilitem transformar as informações em conhecimento e em consciência crítica, para formar cidadãos/ãs sensíveis e que busquem um mundo mais justo, mais alegre e mais saudável para todos?
Será que somos tão bonitas/os, diante dos nossos olhos e do enxergar do outro? Será que somos versáteis em vestir várias roupas, sem pressa de colocarmos as etiquetas em lugares que não nos cabem? Ou teremos medo, cerimônias de quebrarmos as paredes para vermos a boniteza de um sonho, no céu aberto, ao encontro da grandeza de ensinar e aprender, com sentido…O sentido de despertamos para as Pedagogias da Autonomia, Esperança, afeto, amizade, bem querer, como nos inquietou o mestre Paulo Freire, quando nos alertava sobre a boniteza de ser professor/a gente.
Repetia ele, sem preguiça intelectual e amorosa: “ensinar e aprender não podem dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”. Ninguém me contou, lá estava eu a ouvi-lo.
Será que estamos na estrada sem atalhos na nossa função social de sermos professoras/es? Afinal qual é o sentido de sermos educadoras/es de todas as profissões que a sociedade necessita? “Sentido” quer dizer caminho não percorrido mas que se deseja percorrer, portanto, significa projeto, sonho, utopia. Aprender e ensinar com sentido é aprender e ensinar com um sonho na mente. As pedagogias atuais servem de guia para realizarmos esses sonhos no mundo concreto?
Será que perdemos a coragem de sonharmos em sermos e fazermos um mundo de boniteza?
Ao mestre Paulo Freire, com carinho, hoje, e em todos os outros dias, que sigo reafirmando minhas vontades e esperanças na tarefa de nos tornarmos professoras/es e sermos a boniteza que nos alimenta.
Há outros sentidos?