“Enquanto os homens exercem seus podres poderes”… O SUS sucumbe na capital da República.

Nossa Brasília está cada vez mais triste e distante das novas práticas políticas. Ontem, 24 de janeiro, foi um triste dia para a cidadania do DF. Data que entra na história a partir do voto de 14 Deputados(as) que disseram sim ao PL enviado pelo Buriti, prestando um desserviço à população, em curto e médio prazos (as razões para dizerem Não ao PL já havia explicado aqui e em minhas mídias sociais). Não esqueçamos porém dos ausentes e dos oito parlamentares que tiveram bom senso. Mas bom senso apenas não basta quando lidamos com atitudes milimetricamente calculadas e encapsuladas em falsas promessas.

Vejamos o que representa esse retrocesso em sete reflexões:
1- Fim gradativo do SUS;
2- Enfraquecimento das funções essenciais da Secretaria de Saúde;
3- Desaparecimento progressivo das carreiras típicas de Estado, traduzido na desvalorização dos servidores públicos. Estes ficaram sem políticas públicas capazes de lhes promoverem o acesso a um projeto de educação permanente à qualificação, segurança e proteção do seu trabalho, respeito aos seus direitos constitucionais do mundo do trabalho (vínculo, salários cargos, funções e aposentadorias);
4- Desmoralização dos movimentos sociais e de suas formas instituídas de representação (Sindicatos, Conselhos Corporativos, Comunitários, Diretórios Estudantis…);
5- Desrespeito às instituições – órgãos reguladores, fiscalizadores do Estado como os Ministérios Públicos Federal (MPF-DF), do Trabalho (MPT-DF) e o de Contas do DF, e da Ordem dos Advogados (OAB);
6- Desqualificação do Poder Legislativo, reafirmando para a sociedade que na CLDF, com honrosas exceções, seus “representantes” estão à venda por “podres poderes”, cargos e outras pobres e miseráveis benesses. Nos envergonham por votarem em matérias que sequer conhecem seus conteúdos, e muito menos tem a decência de estudar ou pesquisar suas consequências para a população e suas gerações futuras;
7- Anúncio, em menos de um mês, os modos de governar, pouco republicano, configurados em desrespeito aos bens públicos,
desconhecimento das políticas públicas, há décadas instituídas, arrogância nas relações entre os poderes, incapacidade de diálogo
com a sociedade, e mais , colocando em segundo plano os valores de uma gestão, cuja governança democrática poderia ser alicerçada em relações verdadeiras entre o governo e os atores e setores da cidadania. Onde a cooperação interinstitucional, a participação e a colaboração da cidadania elevam a pedagogia civilizatória às funções e ações estruturantes de governo, numa sociedade do conhecimento, educada e coordenada, coletivamente, em redes sócio-econômicas, culturais e ecológicas, rumo ao desenvolvimento humano integrado, sustentável e saudável.

As mudanças prometidas de um novo tipo de governo; o anúncio da construção de uma nova cultura política, estes, sucumbiram na escuridão das cavernas, das mesas cambaleantes do toma lá da cá. Brasília segue entristecendo a nação. Mas, fica-nos ainda a questão: a serviço de quem está o governador?

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