Hoje, em especial, venho compartilhar com vocês algo que devemos lembrar, sempre, para que nunca mais aconteça.
Em 31 de março de 1964 teve início a Ditadura Militar, fato que se estendeu por 21 longos, tristes e dolorosos anos em nosso país. Sim, foi verdade. Sim, existiu.
Muito jovem, já no movimento secundarista, na metade dos anos de grito e dor, ouvi, vi e senti de perto as tristezas daqueles que sonhavam em poder abrir as portas de suas casas para receber de volta os filhos de sangue e de sua pátria.
Mas, dia após dia, restava-nos apenas a ausência e a tristeza dessas e outras incertezas. Chico Buarque, nas cordas do violão, perguntava: “Quem é essa mulher? Que canta sempre esse estribilho. Só queria embalar meu filho. Que mora na escuridão do mar.”
E nós, estudantes, cantávamos sempre o mesmo refrão: “Vem, vamos embora, que esperar não é saber…quem sabe faz a hora, não espera acontecer”!
Sem medo de cantar repetidamente, assim como dobra um sino, entoamos as inúmeras canções que vislumbravam o sonho de um país livre e democrático. Cantávamos pelas vozes que se calaram e por tantos(as) que já não podiam mais cantar.
É saudável lembrar que os estudantes secundaristas e universitários não temeram a morte. Lutamos pela vida, porque essa já havia perdido o sentido diante da força bruta que nos massacrava. Muitos foram os nomes que nos batizaram: idealistas, contestadores, lunáticos, perigosos, e por aí vai.
Nossas ideias de futuro eram consideradas subversivas, rebeldes, violentas, porque lutávamos por um mundo melhor e mais justo, que tornasse realidade os sonhos revolucionários, porque defendíamos os direitos políticos, econômicos, sociais e culturais e com eles vivermos em uma pátria livre.
A defesa da democracia em profundidade continua sendo a razão de nossa existência – da geração que me antecedeu – da minha e da sua.
Hoje, na condição de mulher, professora, educadora, venho lembrá-los(as) de nossa história recente para que nunca mais se repita: ditadura nunca mais!
“Amanhã há de ser, outro dia.”