Venho aqui me solidarizar com os inúmeros colegas docentes, técnicos administrativos e discentes da UnB com raízes gaúchas, dos quais tenho ouvido relatos que não chegam pela mídia. Relatos de mães e tias idosas saindo de suas casas em barcos, familiares aflitos com a falta de água e luz, pegos de surpresa com gritos de socorro e desespero ao longo do dia e ainda piores ao cair da noite. Famílias daqui sem notícias por mais de dois dias, enquanto os de lá buscavam abrigos seguros e energia para carregarem seus celulares e noticiarem a boa nova do salvamento.
Alívio para uns, tristeza para outros, que viram sumir sob as águas não somente a casa, mas suas histórias, sonhos, documentos, roupas, animais de estimação e até mesmo pessoas, cujo desaparecimento ainda alimenta a esperança de vida. Apartações das crianças e idosos resgatados prioritariamente e que aguardam o reencontro com os demais, mas não sem antes estarem expostas às fragilidades do medo e desespero com o inusitado. E mais, a angústia de quem não pode ir ao encontro dos seus.
Estas são cenas narradas a partir das recentes enchentes que assolaram o estado do Rio Grande do Sul, deixando uma marca de destruição e sofrimento na região. Além dos danos materiais e das perdas humanas, a situação também trouxe sérias consequências para a saúde pública e a rede do Sistema Único de Saúde (SUS).
A solidariedade brasileira tem sido resposta imediata da população, que tem se mobilizado através de doações e arrecadações. No entanto, a sensação é de que ainda é pouco diante da magnitude do desastre. Com estradas destruídas, aeroportos fechados e falta de acesso a áreas afetadas, a assistência à saúde enfrenta grandes desafios.
Hospitais afetados pelas chuvas, incluindo o Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, que precisou transferir seus pacientes para outras unidades. Nesse momento crítico, é reconfortante ver a união dos profissionais das equipes da Atenção Primária à Saúde também atuando de forma incansável, seja presencialmente ou por meio de grupos de apoio no WhatsApp. Os serviços voluntários também desempenham papel fundamental, oferecendo suporte e assistência às vítimas das enchentes.
Além dos desafios imediatos, especialistas já alertam para a necessidade de se preparar para lidar com novas doenças físicas e mentais que podem surgir como consequência das enchentes. A reconstrução do que foi destruído pela catástrofe é apenas o primeiro passo, é preciso estar preparado para enfrentar os impactos a longo prazo na saúde da população.
Enquanto acompanhamos de perto os fatos no Rio Grande do Sul, continuamos torcendo para que a situação seja controlada o mais rápido possível, fundamentalmente pela união das autoridades civis, militares e a sociedade, garantindo o suporte necessário às vítimas e a recuperação da região. Neste momento difícil, estamos juntos, unidos em apoio aos nossos colegas, familiares e a todas as pessoas que estão passando por esse crítico momento.