Servidor Público: valorização e reconhecimento de quem cuida do Brasil

Hoje, 28 de outubro, celebramos o Dia do Servidor Público, data que se apresenta como um convite à reflexão sobre o nosso papel na sustentação do Estado brasileiro e na materialização de políticas que afetam a vida de milhões de pessoas, famílias e comunidades. Longe de ser apenas uma celebração formal, esta data nos leva a discutir a importância de um compromisso permanente com a humanização e valorização de nossa categoria profissional, que, em nossas diversas funções, tornamo-nos agentes de transformação social.

Em tempos de incertezas e mudanças, nós, servidoras/es públicos representamos o núcleo vital dos serviços essenciais, especialmente em áreas fundamentais como a educação, a saúde, a segurança, a assistência social, só para falar de alguns. Nesse sentido, é crucial reconhecermos o nosso trabalho, mulheres servidoras, que em grande parte compõem a base dessas categorias, com uma presença marcante e historicamente resiliente. Mulheres que não apenas garantem o funcionamento do Estado, mas também trazem uma sensibilidade necessária para lidar com questões complexas e emergentes.

O desafio da docência no setor público: pilar da formação social

Entre os diversos segmentos, nós, professoras e professores, nos destacamos como um dos pilares da formação social e humana. Não apenas porque produzimos e traduzimos o conhecimento, mas também iluminamos consciências críticas, comprometidas com um futuro mais equitativo. Contudo, a precariedade estrutural que marca a educação, tanto em âmbitos municipais quanto estaduais e federais, impõe desafios diários que ainda comprometem a efetividade de nossa missão.

No Brasil, o corpo docente da rede pública de ensino é formado por cerca de 2,54 milhões de profissionais, conforme os dados mais recentes do Censo Escolar 2023, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Desse total, aproximadamente 1,5 milhão de professores atuam nas escolas municipais, que são responsáveis pela maior parte da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental. As escolas estaduais contam com cerca de 940 mil docentes, principalmente nas etapas finais do ensino fundamental e no ensino médio. Já a rede federal, composta por universidades e institutos federais, emprega cerca de 100 mil docentes, segundo o Cadastro Docente do Ministério da Educação (MEC).

Esses profissionais estão presentes em todos os 5.570 municípios brasileiros, desempenhando um papel fundamental na formação de cidadãos críticos e conscientes, desde os grandes centros urbanos até as áreas mais remotas. Valorizar esses professores, assegurando condições dignas de trabalho, remuneração justa, apoio psicológico e oportunidades de desenvolvimento, é essencial para promover uma educação de qualidade e construir um futuro mais justo e equitativo para o país.

A humanização da carreira no serviço público transcende o oferecimento de boas condições materiais. Ela abarca a necessidade de resgatar o valor humano nas relações de trabalho, onde o cuidado com a saúde mental, o respeito à diversidade e a equidade de gênero devem ser elementos centrais. Servidores públicos que atuam na linha de frente da saúde, como enfermeiros, médicos, técnicos e agentes comunitários, exemplificam essa dimensão, exercendo funções que exigem não apenas competência técnica, mas também uma empatia profunda com aqueles que atendem.

A valorização desses trabalhadores, especialmente as mulheres, também é uma questão de justiça social. Muitas vezes sobrecarregadas por jornadas duplas e expectativas sociais arraigadas, as servidoras enfrentam barreiras adicionais que precisam ser reconhecidas e superadas. Por isso, pensar na humanização implica também revisar políticas de apoio, ampliar espaços de escuta e promover mudanças estruturais.

Conquistas e perspectivas: caminhos para o futuro do serviço público

O fortalecimento do serviço público depende de um olhar atento aos desafios históricos que marcam a trajetória de seus profissionais. Houve avanços na defesa de direitos, como a criação de programas de capacitação e planos de carreira, mas é necessário vislumbrar novas formas de apoio que estejam em sintonia com as transformações da sociedade. As inovações tecnológicas, por exemplo, exigem novas competências e um investimento em letramento digital, essencial para que os profissionais possam se adaptar e continuar a oferecer um serviço de qualidade.

A valorização do servidor público não se restringe ao presente. Ela aponta para um projeto de futuro em que o serviço público se torne um ambiente mais inclusivo, solidário e inovador. Para isso, é fundamental uma articulação entre governos, sindicatos e sociedade civil, de modo a construir políticas que assegurem o reconhecimento e a dignidade desses trabalhadores, abrindo espaço para novos modelos de carreira que dialoguem com a complexidade contemporânea.

Neste Dia do Servidor Público, mais do que uma homenagem, devemos reafirmar um compromisso coletivo de reconhecimento genuíno e ações concretas que assegurem um ambiente de trabalho humanizado, justo e eficiente. Que os gestores e governantes compreendam que a excelência do Estado começa pela valorização de quem o compõe e o faz funcionar, todos os dias, por meio de sua dedicação.

Essa data não é apenas um marco para celebrações, mas um ponto de inflexão para repensar o serviço público, ampliando horizontes de conquistas e promovendo um futuro em que todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas. É dessa forma que construiremos um Estado mais forte, justo e solidário, capaz de atender às demandas da população e de promover um futuro melhor para todos.

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