O que nos restará da ética na política do DF?

Fiz uma série de perguntas aos candidatos durante os debates realizados nessa eleição de 2018 para o governo do Distrito Federal. Entre elas: O que era corrupção? Um estado justo? Respeito às carreiras dos servidores públicos? Integração das políticas sociais? Nenhuma delas foi respondida à altura de um governante da cidade da esperança, capital da República. O DF segue sem resposta para a pergunta transversal à Ética na Política.

Uma ética que pudesse tirar do coração das pessoas o ódio, a raiva, o desprezo, a repulsa, o sentimento de aversão e indignação com a política e seus agentes, sinalizando que não somos iguais a eles, nossas condutas e condições humanas baseiam-se em outros valores.

Uma ausência de ética observada ao ter ouvido e visto nos olhos das mais diferentes pessoas por onde caminhei nas 31 regiões administrativas, que os políticos não prestam, todos roubam, portanto corruptos são. Pudéssemos nós, influenciá-los com outros e novos parâmetros referenciados na defesa da vida humana, com dignidade, sem violência, tolerante e serena às diversas formas de nos portar no mundo, gerar orgulho no coração das novas gerações do DF e do Brasil.

Eis que se cruzam os braços e deixam-se passar pela avenida, a passos largos e a céu aberto, os piores elementos que infestam e nos contaminam, cada vez mais, com as doenças da velha política, deixando sem fôlego, postado na UTI, ou morto, queimando em praça pública, um futuro mais risonho, onde reinem a paz, a justiça e o direito em seu sentido pleno. O caso do índio gaudino é um triste exemplo disso.

Um direito com ética, onde comprar e deixar ser comprado por partidos, candidatos, mídia, votos, pelo prazer de exercer um mandato, não poderia caber, jamais, nunca, na capital da República Federativa do nosso país. Afinal, qualquer pessoa capaz de colocar seu conhecimento a serviço de práticas que diminuem a capacidade de construirmos cidades saudáveis não merece nos governar.

Um profissional que coloca sua conta bancária em detrimento do dinheiro para educação em uma pobre cidade do Nordeste, não merece nos governar. Na mesma medida que esconde seu lado e companhia, deixando sem explicação porque seu vice candidato a governo escolhe deixar guardado em casa  milhões de reais, ao invés de deixar nos bancos.

Um outsider que chega sem pedir licença nas comunidades mais vulneráveis, a exemplo do Sol Nascente, Por do Sol, Santa Luzia (onde ouvi tais relatos), se achando o todo poderoso, lançando mão do dinheiro para iludir a massa desempregada e carente de toda sorte, deixando-a imaginar que teria renda ao balançar suas falsas bandeiras nas principais avenidas, e com isso prorrogar no tempo a superação das desigualdades econômicas e sociais, seguindo acorrentada à cultura das táticas da velha política.  

Um gestor que resolve administrar a cidade que o elegeu nos últimos seis meses de mandato, que dá as costas para o servidor público, que abre mão de gerir a saúde pública, que faz vista grossa ao cenário político nacional, em igual medida, também não merece novo voto de confiança. Resta-nos dizer não à banalização desses e outros fatos, e gritarmos, coletivamente, com todas as nossas forças e vozes de indignação: queremos ética na política DF!

Artigo publicado no Correio Braziliense, dia 14/10/2018, e divulgado no ContextoExato e no Gama Livre.

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