70 anos da Declaração dos Direitos Humanos

Humanos: a estrada ainda é longa…
É longa porque sua ética universal ainda é desrespeitada.
Desrespeitada quando assistimos mulheres serem violentadas e mortas, dentro de suas próprias casas, e muitos naturalizam esse fenômeno.

Quando as crianças ainda passam fome em um país tão rico em sua biodiversidade e morrem por desnutrição ou diversas doenças típicas da pobreza.
Quando jovens, adolescentes, atentam contra suas próprias vidas, por terem perdido o horizonte de suas efetivas necessidades e expectativas de tempos melhores e mais felizes.
Quando os trabalhadores, assustados, já não sabem a quem recorrer para mediar as relações conflituosas de seus empregos e renda no mundo do trabalho.
Quando homens e mulheres temem por sua velhice, sem saberem quais são seus verdadeiros direitos e terem uma aposentaria que lhes assegurem viver de forma saudável, ativa e digna.
Quando assistimos discursos e práticas de dirigentes políticos e outros agentes sociais que deveriam primar nas políticas públicas pelos valores universais dos direitos do ser humano, reproduzirem, reforçarem a intolerância, a discriminação e a violência, dirigidas às pessoas por suas condições de classe, raça, etnia, nacionalidade, religiosidade e orientação sexual.
Quando no Congresso Nacional, em pleno século XXI, congressistas de visão míope, apresentam e discutem Projeto de Lei :”Escola Sem Partido”, rasgando em plena praça pública o Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), que nos lembra: todos nós temos o direito de formar nossas próprias opiniões e de expressá-las e compartilhá-las livremente. Rasgando, sobretudo, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, a liberdade de expressão.
Quando o Estado, entrega e obedece ao mercado, o desenho de um modelo econômico baseado no lucro, que não se importa em explorar, precarizar ou descartar pessoas que julgam já não servirem para ampliar seu capital financeiro.
Por essas e outras razões, podemos reafirmar que depois de 70 anos, os 30 artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, precisam ser salvaguardados para que, cada vez, mais seja enraizado o princípio de que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. E que a luta seja cada vez mais corajosa e determinada, fazendo-se mais e de maneira permanente para que os Direitos Humanos sejam exequíveis dos lugares onde atuamos.
Do lugar de professora, educadora, militante política e mulher, reafirmo que nos tempos atuais, cada vez mais que nunca, faz-se necessário seguirmos sendo defensoras(es) dos Direitos Humanos.
Lembrando que há uma clara disputa de que caminho devemos tomar para a construção de um mundo mais justo, igual e livre.
Portanto, permanece relevante para todos(as), todos os dias, assumirmos um lugar nessa luta, ainda que a estrada esteja longa.

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